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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Entrevista a Alexandre Frota após "Identidade Frota"



Alexandre Frota é entrevistado após o seu show "Identidade Frota" e fala sobre o seu passado, presente e futuro, um novo homem, com novas expectativas de vida. Confira a entrevista :

De onde veio a ideia do show?

Sempre sou o criticado, o discutido, o julgado. Dessa vez, eu vou julgar, criticar e opinar. Afinal, sou um sobrevivente, né? Fui do luxo ao lixo. Eu vim da pobreza e fui para a riqueza. Eu tive do lado dos mocinhos e dos bandidos. Eu passei por tudo. Tenho muito mais do que 48 anos.

Você diz que foi do ‘luxo ao lixo’. Refere-se à sua criação no Morro do Macaco, no Rio?

Então, eu morava em Vila Isabel, numa casa simples, do lado do morro, que eu sempre subia. Fui criado na rua, apanhando de outros garotos maiores do que eu. Depois, fui para Copacabana e conheci outra galera. Fiquei vivendo entre o asfalto casca grossa e as areias escaldantes, lidando com a separação dos meus pais.

Você sofreu muito?

Sim. Eu tinha só 9 anos. Só hoje que eu vejo como aquilo me deixou mal. A relação que tive com meu filho foi um exemplo disso…

Que relação? O que aconteceu?

Eu não o aceitava, mas agora a gente está se reaproximando. Eu trouxe o Mayã (de 11 anos) para perto de mim e ele está se sentindo amado, como deveria ser. Ele mora com a mãe em Brasília, mas está sempre perto. O Enzo, de 4 anos, filho da Fabiana (sua atual mulher), teve um papel importante nisso. Ele me ajudou a reconquistar o Mayã. Já fui muito sem freio, sabe? A vida foi muito filha da puta comigo, mas eu também fui filho da puta com ela. Mas hoje estou vivendo um momento muito bom de família, de cabeça, de trabalho…

Com esse jeitão estourado, perdeu muitas pessoas?

Perdi muitas, mas conquistei muitas, porque tem aqueles que idolatram, sabe? Tipo, as pessoas não têm coragem de correr ali e dar uma cabeçada no prego, mas eu vou lá e dou, e as pessoas vibram.

Foi assim com o filme pornô com a travesti Bianca Soares?

Pois é. A minha opção sexual sempre foi muito definida, mas conheço muitos homens que gostariam de ter feito filme com ela e, ao contrário, gostariam de ter dado para ela. Mas, enfim, eu não matei ninguém, né? Parece que eu nasci depois do pornô. As pessoas se esquecem que fiz Top Model (1989), Perigosas Peruas (1992)… Mas não me arrependo do pornô. Eu vou carregar isso para o resto da vida.

O caminho das drogas prejudicou sua continuidade na Globo?

Não. A loucura está espalhada dentro da Globo. Quantos do primeiro time não estão internados e passando por clínicas? Então, não foi por causa de drogas, né? Faz um ano, aliás, que o Roberto Talma (diretor) me chamou para voltar. Mas não vou, estou feliz no SBT.

A Record te tirou do pornô?

Sim! Voltando de Portugal, peguei o mesmo avião que Honorilton Gonçalves (braço direito de Edir Macedo). Ele tinha visto A Fazenda que eu participei em Portugal e conversamos do produto. Depois de um ano, ele me convidou para um café e eu implantei A Fazenda.

E como foi sua passagem pelo reality ‘A Fazenda’, de Portugal?

Virei A Fazenda de cabeça para baixo. Me apaixonei por uma modelo, transei com ela lá, mas a gente achou que não estava sendo filmado. Foi pesada a parada. Daí pintei o teto da sala, fiquei bêbado e pulei o muro da fazenda. Fui até a final.

E sua relação com o Edir Macedo? Você se evangelizou?

Nunca vi o senhor Edir Macedo. Eu nunca fui evangelizado! Eu fui convidado parar ir à igreja, fui a quatro cultos. Pra mim, te confesso, foram bons naquela época. Mas sou católico de formação, não praticante. A única religião que eu tenho é o Flamengo. Lá fui diretor de arquibancada, virei mito no Maracanã. Só abandonei a torcida, na época, porque fui jurado de morte. Minha mãe quase perdeu os cabelos! Mas depois veio o teatro, daí conheci Maurício Mattar, Felipe Camargo…

Nesse caminho ainda conheceu o Tim Maia, o Cazuza…

Nossa, verdade! O Tim me adorava. Já o Cazuza, conheci porque eu fazia a peça Capitães da Areia, no início dos anos 80. Ele tinha vários amigos que trabalhavam na peça. Uma delas era a Bebel Gilberto, que era muito minha amiga. Então, Bebel me apresentou o Cazuza e passei a conviver com ele. Assisti a muito ensaio do Barão Vermelho. Depois, conheci Caetano, que me apresentou Gil, que me apresentou Gal (Costa). Vivi intensamente!

Como?

Se juntar o João Gordo e o Lobão, eles não são tão loucos como eu era. Eu era garoto do subúrbio, acostumado a brigar e, de repente, fui para o teatro, onde as pessoas não ficam putas, ficam magoadas. Pô, deu atrito! Depois também ,soltei o pino da granada (risos).

E foi até pro pornô. Você sempre foi viciado em sexo?

Sim (risos). Chegou um momento da minha vida em que eu parei e fiquei pensando o que ia fazer. Daí pensei: ‘Vou fazer pornô, pelo menos, eu gosto de sexo, sei fazer bem.’ Levantei uma bandeira difícil de carregar. Perdi amigos, mas suporto tudo isso até hoje.

O que sua mãe achou?

Ela não fala disso comigo.

E nessa virada, no SBT, retomaria a ‘Casa dos Artistas’ ou tem bronca do formato?

Eu não tenho bronca de formato, tenho bronca é do Rodrigo Carelli (diretor de ‘A Fazenda’, na Record). E a Casa dos Artistas é uma coisa muito pessoal do Silvio Santos. Se ele pedir, eu levanto a casa. Sou um soldado do Silvio.

Por que tem bronca do Carelli?

Ele foi ímpar comigo, vacilou legal. Tirei ele do Multishow, onde ele ganhava R$ 9 mil, para vir para a Record ganhar R$ 50 mil. Botei um projeto incrível na mão dele e ele fez com que eu saísse da Record. Se isso fosse uns dez anos atrás, eu tinha arrancado a cabeça dele. Mas tudo bem, estou calmo, estou feliz no SBT.

E feliz no casamento?

Sim. Casar faz parte desse meu amadurecimento. Eu queria criar uma família. Pô, eu nunca olhei para trás. Daí, olhei e não sabia para onde ir. Tinha roupa minha espalhada por tudo que é lugar, tinha casa num lugar, apartamento no outro, ex-aqui, ex-lá. Pensei: “Caramba, bicho, daqui a pouco faço 50 anos e não tenho uma família”. Agora, estou feliz. Depois, para a  frente, eu e a Fabiana vamos ter uma filha, com certeza.

Não voltaria a ter mil mulheres e a usar milhares de drogas?

Não. Droga não tem mais espaço na minha vida. Pode colocar um quilo de cocaína na minha frente que eu vou soprar. E, agora, eu tenho uma mulher que vale por mil! Já tive época que eu tinha de pegar três mulheres por dia (risos).

E já transou com homem?

Não é a minha pegada. Se fosse, eu ia lá para Porto Rico e iria fazer um filme logo com o Ricky Martin, para sentar o couro, sacou?

E você sempre fala da Claudia Raia. Vocês ainda têm contato?

A gente tem, se fala. Com essa separação dela e o Edson (Celulari), a gente se afastou mais. Começou a rolar uma fofoquinha, que eu teria tido participação nessa coisa e daí me afastei. Mas minha relação com ela vai ficar para o resto da vida. Se não fôssemos tão jovens, talvez, estaríamos até hoje.

Você está perto dos 50 anos. É vaidoso? Curte plástica ou só as tatuagens?

Nunca vou pôr botox. Só as tatuagens, mesmo. E cada uma tem significado na minha vida. Essa aqui (aponta para o braço esquerdo), eu cobri, porque tinha o Cristo Redentor, sabe? Daí, comecei a olhar e achei que ele estava a cara do Bel, do Chiclete com Banana. Sou chicleteiro, gosto do Bel, mas pedi para um amigo meu cobrir. Ele tava tão bêbado que ficou um borrão.

Fonte: Ocanal.org, com informações do Jornal da Tarde

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