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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Alexandre Frota em entrevista à revista "Quem"




É madrugada de 3ª feira  (17) e Alexandre Frota está acordado, trocando a fralda do enteado, Enzo Gabriel, pela terceira vez. A cena parece improvável para quem está acostumado com a fama de bad boy do ator, produtor e diretor de 47 anos, que fez fama em novelas globais. Em uma delas, conheceu a primeira mulher, Claudia Raia. No entanto, o sucesso repentino aliado a um temperamento explosivo, acabou por desestruturar sua vida. Envolvido em polêmicas e imerso nas drogas, ele viu as oportunidades minguarem e chegou a atuar em filmes pornôs.

Em entrevista a QUEM, Frota, que namora a dançarina Fabiana Rodrigues e começou a carreira interpretando um pato em uma peça infantil, diz que chora até com programas de televisão, conta que se convidou para o primeiro filme de conteúdo adulto que fez e fala com franqueza sobre a rejeição que sente pelo único filho, Mayã, fruto de um rápido relacionamento.




Assumidamente viciado em sexo, Frota, que interpreta o personagem Robin do humorístico "A Praça É Nossa", só se esquiva quando o assunto é o número de mulheres com quem já saiu. "Essa eu deixo para o meu amigo Renato Gaúcho, que é o rei das mulheres e adora essas contas. Eu não faço estatísticas". Leia abaixo os melhores trechos da conversa:

Família

Fui criado nas areias do Rio e no asfalto casca grossa. Minha escola de rua foi bem forte, bem pesada. Estudei em escola pública. Meus pais se separaram quando eu era criança, e foi cada um para o seu lado. Minha família não se mete em nada da minha vida e ponto final. Eu não converso sobre os filmes pornôs, nem sobre nada do que eu faço, tem esse bloqueio. As minhas decisões sempre foram minhas. Muitas erradas, outras certas, mas sempre fui só eu. Sozinho.

O filho

 
É um bloqueio muito simples o que eu tenho com o Mayã. Meus pais se separaram quando eu tinha 9 anos. Muito cedo eu estava sozinho na guerra. Outra coisa: eu não me preparei para ter esse filho. Ele não é fruto de um amor. É fruto de uma transa. A criança não tem culpa, é a frase chavão. Só que eu também não. Nasceu. Eu não fujo das minhas obrigações como pai. Dou dinheiro e faço tudo para estar junto nas datas, minha mãe e minha irmã são loucas por ele. Só que eu tenho que ser sincero. Eu não aceito. E não vou para psicólogo, para analista nenhum, não é a hora. Mais para frente, se eu quiser procurar ele e ele me aceitar está ótimo, se não quiser, está valendo. A vida é assim. Só que há poucos dias, eu comecei a conviver com o Enzo Gabriel, que tem 4 anos e é filho da minha namorada. Levo o Enzo para a escola, troco fralda, vou ao judô, ao cinema, ao teatro, brinco. Eu comecei a pensar, sabe... eu perdi um tempo com o meu filho. Uma criança de 4 anos está ensinando um homem de quase 50 anos a viver. Isso talvez um dia me aproxime do Mayã.


Claudia Raia

Separar da Claudia Raia me desestruturou. Só que ela deu uma entrevista pedindo para que eu parasse de dizer que ela é o grande amor da minha vida. Então eu parei de falar. Todas as vezes que eu mencionei a Claudia, foi muito carinhosamente, mas eu nunca achei que teria uma reconciliação, não pensei nisso. A separação dela e do Edson Celulari me pegou tão de surpresa como pegou o Brasil. A Claudia jamais vai passar despercebida por mim, mas, como ela me pediu, não é mais o grande amor da minha vida. Fiquei chateado com esse pedido, mas não sei se foi a maneira como o repórter colocou ou se foi realmente assim que ela disse.

Fama de bad boy

Esse estigma de bad boy, de pitbull, me afastou da televisão. Isso sempre foi muito forte, mas eu não plantei, ao contrário do que as pessoas pensam. Talvez algumas ações e reações minhas tenham feito isso. Eu também gosto muito de lutas, esportes de ação, e o meu jeito explosivo de ser ajudou a construir isso. As pessoas quando me conhecem se surpreendem. Eu não sou isso que falam. Acontece que se eu gosto da pessoa eu digo, se não gosto digo também. Mas para eu estar de pé até hoje e fazendo o que eu faço, é porque eu tenho talento. Eu poderia ter sido melhor aproveitado em alguns momentos da minha vida. Eu sei que quando eu boto o pé em um programa, gera audiência e interesse. Até que não gosta assiste.

"Se você me perguntar se eu me arrependo de não ter segurado a onda, sim. Eu poderia estar casado com a Claudia Raia, com a minha família, no mesmo patamar que outro atores"

Arrependimentos

Eu nunca fui santo. Era ovelha negra, questionava, mas não era um cara que faltava à gravação, que chegava atrasado. Eu não fui preparado para o sucesso, então não entendia coisas como alguém precisar gravar na minha frente. Por isso dei tantas cabeçadas, fui tão impulsivo, mais emocional do que racional. Se eu tivesse uma equipe em volta de mim, uma preparação, talvez eu tivesse me saído melhor. Não me eximo da culpa, nunca fui o protótipo do ator queridinho. Se você me perguntar se eu me arrependo de não ter segurado a onda, sim. Eu poderia estar casado com a Claudia Raia, com a minha família, no mesmo patamar que outro atores, claro que me arrependo. Se me avisassem que andar na contramão era tão duro assim, não teria ido.

Inimigos

Eu não tenho inimigos, que eu saiba. Talvez eu tenha desafetos, e alguns deles já viraram afetos. Tenho 47 anos, você vai amadurecendo e se redimindo de alguns erros que cometeu, de injustiças ou desconfortos que tenha criado. No passado eu me irritava muito com o Daniel Filho, e hoje não tem mais nada. Mandei uma carta para ele, que me respondeu, está tudo bem. Eu não tenho raiva de ninguém, já passei por muitas coisas na minha vida, passei por cima disso.


Futuro

A minha hora um dia vai chegar e eu vou provar que eu sou capaz de dirigir e incomodar. Todo mundo que conversa comigo, do Boni ao Silvio Santos, fala da minha capacidade como profissional, do meu empenho artístico. Todo mundo fica impressionando, eu sou um trator trabalhando.

Astro pornô

Eu é que me convidei para fazer pornô. Em 2004 só se falava da Carla Perez e da Sandy. Eu pensei: "Vou procurar o que fazer. E o que eu gosto de fazer? Sexo". Aí eu fui atrás das Brasileirinhas [produtora de filmes adultos] e fiz. Foi uma bandeira difícil de levantar, você cria um desconforto social, familiar, deixa de ser convidado para uma série de coisas. Literalmente, fazer cinema pornô é uma f... Eu nunca tive problema com isso, e por isso eu dei a volta por cima. Não me arrependo de ter feito os filmes, mas da maneira como tudo aconteceu. Foi tudo muito rápido, entrou uma grana forte e eu precisava dela. Eu não me preocupei que isso pudesse limitar minhas chances no mercado porque eu estava limitado por força da vida, pelo preconceito que as pessoas têm comigo, de achar que eu sou um bad boy, um pitbull. Hoje eu não faria mais. Quer dizer, se você chegar aqui com R$ 1 milhão eu não vou ser hipócrita de dizer que não. Não vou falar que se eu não estiver fazendo nada eu não vou fazer. No momento, não quero e não preciso. Minha idade é outra, a cabeça também.

Travesti

Quando me chamaram para fazer um filme com a travesti Bianca Soares, eu parei para pensar: "Poxa, ela é uma travesti, e o travesti não deixa de ser homem. Como é que vai ser? Não é minha pegada". Aí eu olhei pra trás e não tinha nenhum convite de nenhuma televisão. Falei para o diretor: “Me dá R$ 150 mil e eu faço”. Fiz tipo um garoto de programa. Ele disse que não acreditava que eu ia fazer. Pedi para levar o dinheiro para o motel. Ele chegou lá com a grana. Eu falei: “Beleza, faço”. A Bianca ficou mais nervosa do que eu. Tem muito homem que é louco por uma travesti, mas fica dentro do armário. Eu não. Eu fui lá, fiz o filme, ganhei o dinheiro e ainda mostrei como se deve pegar um travesti.

"Se me avisassem que andar na contramão era tão duro assim, não teria ido"

Emoções

Eu sou um cara que choro pra caramba. Direto. Com programas de televisão, inclusive. Sábado estava vendo o programa do Luciano Huck e chorei, me emocionou demais. Outro dia chorei em plena 23 de maio [ avenida movimentada de São Paulo], de saudades do Enzo. Choro quando lembro do meu pai. E não escondo nada, choro. Por isso as pessoas ou me amam, ou me odeiam.

Drogas

Eu parei. Tive várias paradas e várias recaídas, até quando eu senti que devia parar. Usava cocaína, porque maconha eu parei no meio dos anos 80. Usei ecstasy também. Eu estava perdendo tudo. Uma hora, achei que ou parava, ou morri. Pensei: “Vou morrer antes da minha mãe?”. As drogas me encheram o saco, me deixaram aflito, me estragaram a saúde. Mas não tenho medo de morrer não. Não tenho medo de nada. Está tudo programado na vida.
Fonte: Revista Quem

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