Em entrevista Alexandre Frota se intitula "O dono do jogo", aos 48 anos :
“sobrevivi a tudo e a todos, agora faço as coisas quando quero, com quem eu
quero, e sai da maneira que eu quero, ok?” Ok. Foi sob essa condição que o ator,
DJ, produtor e sex symbol nos concedeu uma entrevista, momentos antes
de treinar com seu time de futebol americano, o Corinthians Steam Rollers, no
Sport Club do Timão.
Escoltado por crianças, Frota magnetizava a atenção de todos
presentes na Rua São Jorge, 777. O porte físico e o histórico polêmico poderiam
intimidar alguns desavisados, mas seu carisma derretia qualquer gelo entre ele e
seus fãs.
Ao que tudo indica, o eterno bad
boy já não é mais tão bad assim: “passei dessa fase, sou um cara mais
família”, justifica. Mas não poderíamos esquecer que o ator deu (e como!) o que
falar: “pode juntar o Lobão e o João Gordo, que minha vida não dá para os dois. A história deles é
louca, mas a minha, é bem louca”.
Chegou a hora de descobrirmos quem é a pessoa por trás das tatuagens, da cara
marrenta e do corpo escultural. Confira a nossa entrevista e saiba o que
acontece no fantástico mundo de Frota.
ObaOba: Quem é o Frota e o que você queria
ser quando criança?
Alexandre Frota: Eu ando por tribos e caminhos
que poucos conseguem, sou um cara que se quiser janto no Fasano (considerado um dos restaurantes mais caros de São Paulo), mas adoro comer no Estação (lanchonete no centro da cidade, frequentada por boêmios, cults,
travestis e prostitutas), dá pra entender? Trabalho durante o dia, acordo cedo
para malhar, tenho treino do Corinthians, levo o Enzo (seu enteado) na escola.
Minha vida é uma loucura, graças a Deus. Tive uma infância classe média baixa.
Fui um garoto de subúrbio do Rio de Janeiro, criado na rua. Queria ser Oficial
da Marinha, mas minha mãe era secretária executiva da faculdade de Teatro do
Rio, e meu pai, produtor da TV Globo. Eu respirava isso. Em determinado momento,
optei por fazer teatro, e aí troquei radicalmente.
Como você começou na TV?
Entrei
para a Globo em 1986. Não foi difícil, fiz dois testes no mesmo dia e passei.
Comecei com a novela “Livre para Voar”, com o Tony Ramos e a
Carla Camuratti. Trabalhei 12 anos lá e saí porque meu ciclo terminou. Acabei
vindo para São Paulo fazer a peça "Blue Jeans", e me apaixonei pela cidade. Me
adaptei bem, todos me receberam com carinho. Então fiquei.
Atualmente você faz parte do time de futebol americano do Corinthians.
Você é corinthiano?
Sou Flamengo. Mas quando eu entro no
Corinthians, jogo como corinthiano. Fui recebido pelo time com a camisa 77, que
é uma homenagem ao Campeonato de 1977. Se eu tivesse nascido em São Paulo, seria
meu time. Curto bastante o esporte pelo esporte também, tem a ver comigo, de
contato, de força; agressivo.
Você é um homem vaidoso e está
sempre em cima, mesmo com 48 anos. Como mantém seu físico?
Não sou
muito não. Tenho cabelos brancos, rôo unha, tenho 37 tatuagens. Procuro fazer
uma alimentação balanceada e tenho um preparador físico do Corinthians que me
acompanha diariamente. Não tem segredo. É se alimentar bem, fazer bastante
aeróbico e malhar. De resto é de boa.
Além de esportista, você é ator, DJ, produtor de conteúdo e até
dançou como gogo boy. Por que um caminho tão
diferenciado?
Foram os que eu escolhi. É um histórico de sucesso, de
vitórias, de fracasso; mas honesto. Independente de qualquer coisa, das pessoas
gostarem ou não, sempre fui honesto comigo. Acordei para a vida tarde. Não me
planejei e não gerenciei minha carreira: o fato de eu ter vindo para São Paulo,
de ter me separado da Claudia Raia, usado drogas, me metido em polêmicas.
Namorei com gente famosa, com mulher de diretor. Isso me criou uma série de
confusões. Mas não me arrependo, a escola que tive valeu. Pode juntar aí o
Lobão, o João Gordo, quem mais for, porque a escola de vida que eu tenho não dá
para eles dois. A história do Lobão é louca, mas a minha; é bem louca. Quando
não estamos preparados para o sucesso, é normal darmos uma derrapada.
Falando em loucuras, como você caiu no
segmento de filme pornô?
Eu não caí. Eu mesmo procurei a produtora
(Brasileirinhas), fiz uma proposta, eles analisaram, aceitaram, e eu fiz. Fui
porque precisava da grana, porque gosto de sexo e porque foi uma coisa que achei
que devia fazer no momento. Pronto. É uma bandeira difícil, cria uma porção de
incômodos com família, com amigos, tudo. O Brasil ainda é um
país preconceituoso com isso, mas tá feito. As pessoas assistiram, abriu um
campo do cinema, criou emprego pra muita gente, deu tudo certo.
Aí você contracenou com a travesti Bianca Soares...
Sim. Perguntaram se eu
queria e me ofereceram R$ 150 mil reais. Eu topei.
Na sua
opinião, o que você acha que uma pessoa precisa ter para ser ator de filme
pornô?
Primeiro gostar de sexo. Segundo, saber fuder [sic].
Terceiro é fazer de verdade, ter a cara e a coragem para fazer. É isso. Não
precisa de muita coisa não, não precisa decorar texto, não precisa de nada.
Você já desfilou em duas paradas gays e foi
gogo boy em boates. Como se sente sendo um ícone no publico GLBT?
Sou no mundo hetero também. Podem até falar
que eu me acho, mas pra mim isso é normal. Sei que tenho uma levada boa com o público GLBT. Sou um cara que adoro os gays,
tenho vários amigos, isso é muito bem definido na minha cabeça. Já posei quatro
vezes para a revista G e curto balada GLS. O som é melhor, não tem briga,
não tem cara pagando de playboy. Além disso, o fato de ter feito filme com a
Bianca não me faz ser tirado de gay. Gosto mesmo é de buceta [sic].
Sua imagem está relacionada diretamente ao sexo. Você tem algum fetiche?
Já fez alguma loucura?
Porra [sic], já fiz todos os fetiches. Fiz
sexo com três mulheres, com quatro, com 12. Fiz com a Bianca Soares. No motel,
no avião, no carro, na praia, na areia, no Rock in Rio. Mas não curto aquelas coisas
de sadomasoquismo ou de se vestir com coisas diferentes. Amo sexo por sexo. O que me dá tesão é buceta [sic],
mais nada. Também não sou um cara de muitas preliminares. Meu negócio é beijar,
chupar bem e meter a pica [sic]. Essa é a real da parada.
Mesmo
com tanta polêmica, você continua em evidência. Por que acha que isso
acontece?
Porque sou verdadeiro. Posso ter errado, mas se tem uma
marca minha é que falo a verdade. Pode doer, as pessoas ficam chateadas, mas eu
falo a verdade. E a verdade às vezes dói. Teve um caso em que comentei, em uma entrevista com o Gentilli que comer (sic) a Rita Cadillac foi tipo fuder (sic) minha avó. Aquela é uma verdade. Eu sei que ela ficou chateada, magoada, mas é uma
verdade.
Nossa
matéria de maior sucesso se chama “O
Alexandre Frota está nu”, sobre a compilação de seus ensaios na G Magazine,
em 2011. Você posaria nu de novo?
Já passou da época. Fiz quatro
revistas, as quatro foram record de público, venderam bastante. Agora estou com
cabelos brancos. Tô velho. E tem bastante gente aí para
posar.
Sobre sua foto que circulou no facebook lendo Bukowski.
Você se identifica com ele?
Isso foi uma onda, tenho uns amigos que
trabalham com internet e pediram para eu fazer a foto. Mas não conheço ele não.
Não gosto muito de ler, livro não me dá tesão, revista pornô não me dá tesão,
filmes não me dão tesão. Eu não vou para motel pra ficar vendo filme e fuder a
mulher [sic]. Tenho mais o que fazer.
Daqui para frente, como você se vê?
Estou focado no meu
trabalho (com coordenação de projetos especiais numa emissora de televisão),
feliz, cheio de ideias. Sou um cara de televisão, pena que aprendi a fazer
tarde. Vejo muitas pessoas me subestimando, falando mal de mim pelas costas. Mas
já fiz muita coisa, muito mais do que qualquer um pode imaginar. Passei por tudo
e por todos, agora está na hora de curtir.
Fonte: Obaoba
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